sexta-feira, 5 de abril de 2013

TECIDO ÓSSEO



 
     Características:
  • É um tecido conjuntivo especializado formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea;
  • É recoberto, tanto na superfície externa (periósteo) como interna (endósteo), por camadas de tecido conjuntivo contendo células osteogênicas;
  • As técnicas usadas para estudos são o desgaste e a descalcificação;
  • A nutrição dos osteócitos depende de canalículos da matriz, que possibilitam as trocas de moléculas e íons entre os capilares sanguíneos e os osteócitos.
     Funções:
  • Suporte para as partes moles;
  • Protege órgãos vitais;
  • Aloja e protege a medula óssea;
  • Proporciona apoio aos músculos esqueléticos;
  • Constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular;
  • Funciona como depósito de cálcio, fosfato e outros íons.

     Células do tecido ósseo:
  • Osteócitos:
  • Encontrados no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas das quais partem os canalículos;
  • São células achatadas, com forma de amêndoa;
  • Possui pequena quantidade de retículo endoplasmático rugoso, complexo de golgi pequeno e núcleo com cromática condensada;
  • São essenciais para a manutenção da matriz.
  • Osteoblastos:
  • São células que produzem a parte orgânica da matriz (colágeno tipo I, proteoglicanas e glicoproteínas);
  • São capazes de concentrar fosfato e cálcio, participando da mineralização da matriz;
  • Estão nas superfícies ósseas;
  • Quando aprisionado pela matriz, torna-se osteócito.
  • Osteoclastos:
  • São células móveis, gigantes, ramificadas, com partes dilatas que contém seis a 50 ou mais núcleos;
  • Possuem citoplasma granuloso, algumas vezes com vacúolos, fracamente basófilo quando jovens e acidófilo nos maduros;
  • A superfície ativa dos osteoclastos, voltada para a matriz óssea, apresenta prolongamentos vilosos irregulares, circundado pela zona clara ( pobre em organelas e rica em actina), que é o local de adesão do osteoclasto com a matriz óssea, onde tem lugar a reabsorção óssea;
  • Secretam ácido, colagenase e outras hidrolases que digerem a matriz orgânica, dissolvendo os cristais de sais de cálcio;
  • A atividade do osteoclasto é coordenada por citocinas e por hormônios como a calcitonina e o paratormônio.

 Matriz óssea:
  • 50% é parte inorgânica (cálcio e fosfato – Ca10(PO4)6(OH)2;
  • A parte orgânica é formada por fibras colágenas, constituída por colágeno tipo I e por pequena quantidade de proteoglicanas e glicoproteínas.

      Periósteo e Endósteo:
  • A camada mais superficial do periósteo contém fibras colágenas e fibroblastos. As fibras de Sharpey é o que prende o periósteo ao osso;
  • Na porção mais profunda é mais celular e apresenta células osteoprogenitoras, que vão diferenciar-se em osteoblastos, desempenhando papel importante no crescimento dos ossos e na reparação das fraturas;
  • O endósteo é constituído por uma camada de células osteogênicas achatadas revestindo as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers e os de Volkmann.

     Tipos de tecidos ósseos:
  • Nos ossos longos as epífises são formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superficial compacta e a diáfise é quase toda compacta (osso cortical), com osso esponjoso na camada profunda, delimitando o canal medular;
  • Os ossos curtos têm o centro esponjoso, sendo recoberto por uma camada compacta.
  •  Os ossos chatos possuem duas camadas compactas (tábuas internas e externas), separadas por osso esponjoso (díploe)
  • Tecido ósseo primário ou imaturo:
  • Apresenta fibras colágenas dispostas em várias direções, tem menor quantidade de sais minerais e maior proporção de osteócitos do que o tecido secundário;
  • No adulto, persiste apenas próximo as suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção de tendões.
  • Tecido ósseo secundário ou lamelar:
  • Possui fibras colágenas organizadas em lamelas, que u ficam paralelas ou em camada concêntricas, formando ossistemas de Havers ou ósteons.
Histogênese:
  • Ossificação intramembranosa:
  • É o processo formador dos ossos frontal, parietal, e de partes do occipital, do temporal e dos maxilares. Contribui para o crescimento dos ossos curtos e para o crescimento em espessura dos ossos longos;
  • Tem início pela diferenciação de células mesenquimais que se transformam em grupos de osteoblastos, estes sintetizam o osteóide, que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos;
  • A parte da membrana conjuntiva que não sofre ossificação passa a constituir o endósteo e o periósteo.
  • Ossificação endocondral:
  • Tem inicio em uma cartilagem hialina;
  • Responsável pela formação dos ossos curtos e longos;
  • Primeiro a cartilagem hialina sofre modificações, havendo hipertrofia dos condrócitos e morte por apoptose dos mesmos, redução e mineralização da matriz cartilaginosa;
  • Depois as cavidades antes ocupadas pelo condrócitos são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogênicas. Tais células diferenciam-se em osteoblastos, que depositarão matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem ossificada.
     Crescimento dos ossos:
       Os ossos chatos crescem por formação do tecido ósseo pelo periósteo situado entre as suturas e na face externa do osso, enquanto ocorre reabsorção na face interna.
       Nos ossos longos, as epífises aumentam de tamanho devido ao crescimento radial da cartilagem, acompanhada por ossificação endocondral. A diáfise cresce em extensão pela atividade dos discos epifisários e, em espessura, pela formação do tecido ósseo na superfície externa da diáfise com a reabsorção na superfície interna, o que aumenta o diâmetro do canal medular.

     Referência Bibliográfica:
JUNQUEIRA L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.

Algumas Patologias do Tecido Conjuntivo


DOENÇAS DO TECIDO CONJUNTIVO


As doenças autoimunes do tecido conjuntivo são um grupo heterogêneo de doenças que se caracterizam por uma estrutura ou função anormal de um ou mais dos elementos do tecido conjuntivo, isto é, colágeno, elastina ou mucopolissacarídeos. Por norma, as doenças seguintes pertencem a este grupo:

LED (Lúpus Eritematoso Disseminado).

Esclerodermia.

Dermatomiosite/Polimiosite.

Síndrome de Sjögren.

Doença mista do tecido conjuntivo.


A detecção de autoanticorpos específicos – os denominados anticorpos antinucleares (ANA) – podem suportar o diagnóstico de doenças autoimunes do tecido conjuntivo e ajudar no diagnóstico diferencial, bem como na determinação de um prognóstico.

Lúpus eritematoso sistêmico

Ocorre com períodos de exacerbação caracterizados por febre, mal-estar, cansaço, artrite, miosite, perda de peso, exantemas cutâneos, anemia, convulsões, psicose, vasculite, miocardite, pneumonite, nefrite, etc.
Não tem cura, o que faz com que o tratamento se destine a controlar a inflamação.

Artrite reumatóide

Caracteriza-se principalmente por sinovite inflamatória persistente que, regra geral, afecta de forma simétrica as articulações periféricas, com deformidades.
O sintoma-chave é a dor nas articulações, com hiperestesia e tumefacção das mesmas.
Pode ser acompanhada por nódulos reumatóides, vasculite, inflamação pleuropulmonar, esclerite, síndrome de Sjögren, osteoporose, etc.
Trata-se de uma doença complexa, extremamente incapacitante e de má evolução.

Esclerodermia

Caracteriza-se por fibrose cutânea, alterações digestivas, renais, fibrose pulmonar, hipertensão, artrite, miosite e insuficiência renal.
Não tem cura, o que leva o tratamento a tentar melhorar a função e os sintomas.


Doença mista do tecido conjuntivo

Ocorre com poliartrite, tumefacção das mãos ou esclerodactilia, miopatia inflamatória, fibrose pulmonar, disfunção esofágica, etc.
Não tem cura e o tratamento destina-se a diminuir a inflamação.
O médico desaconselhará a condução a todos os doentes que tenham uma capacidade limitada ao volante devido à doença.

Síndrome de Sjögren

Manifesta-se por secura na boca e queratoconjuntivite seca. Em 10-15% dos casos, verifica-se uma afetação dos grandes órgãos, como o pulmão e o rim.
Em determinadas ocasiões, ocorre também vasculite, polineuropatia, alterações da condução cardíaca, doença da tiróide, etc.

Vasculite

Inclui uma grande variedade de doenças como vasculite necrosante sistémica, poliartrite nodosa, angeíte e granulomatose alérgica, vasculites por hipersensibilidade a fármacos, infecções, neoplasias, doenças do tecido conjuntivo, Henoch-Schönlein, granulomatose de Wegener, arterite de células gigantes e outras, como a doença de Kawasaki, tromboangeíte obliterante, síndrome de Behcet, síndrome de Cogan, eritema nodoso, etc.
Pode causar afetação multissistémica com cegueira, insuficiência renal, polimialgia, neuropatia, cardiopatia, doença pulmonar e digestiva.

Sarcoidose

Pode afetar o pulmão, os gânglios linfáticos, a pele, o olho com uveíte em 25% dos casos, as vias respiratórias superiores, o sistema nervoso central, os nervos periféricos e cranianos, o coração com alterações da contração e do ritmo, e o sistema músculo-esquelético, entre outros.
As complicações mais importantes são a doença pulmonar e a afetação ocular, incluindo cegueira.
Muitos casos sofrem uma remissão espontânea, o que faz com que seja difícil precisar o tratamento. Quando ocorrer doença ocular, cardíaca ou pulmonar, o tratamento é obrigatório.